domingo, 23 de setembro de 2007


História de Içá-Mirim.


Içá-mirim era um dos filhos do cacique Arosca, dos índios Carijós, da vertente Guarani, que habitavam as terras do entorno da Baia da Babitonga, hoje São Francisco do Sul.
Em 24 de julho de 1503, partiu do Porto de Hornfleur o navio L’Espoir, comandado pelo normando Jean Binnot Palmier de Goneville, com uma tripulação de 60 homens, na maioria normandos, carregado de artigos para trocar por especiarias, que eram muito valiosas na época, e abastecido com víveres para dois anos de viagem. Após a passagem pelas Ilhas Canárias, o navio perdeu a rota, e foi arrastado através do Atlântico, onde, atingido por uma forte tempestade, perdeu o mastro principal e sofreu avarias no casco, o que levou a tripulação a procurar abrigo em terra.
Aportaram em 24 de janeiro de 1504 no local onde provavelmente é o município de São Francisco do Sul (SC), onde foram amistosamente acolhidos pelos índios carijós, sob a chefia do cacique Arosca.
Nessa terra, encontraram excelente madeira de lei, água potável e se reabasteceram de provisões para a viagem de volta, que se iniciou em 03 de julho de 1504.
Junto com o Gonneville, seguiu junto Içá-Mirim, um dos filhos do cacique Arosca, acompanhado por uma pessoa da tribo chamada Namoa (namo-á). Há controvérsias sobre quem era Namoa. Pode ter sido a jovem esposa do índio adolescente, ou uma ancião pedagogo, ou um guerreiro da tribo para lhe garantir a segurança. O que se sabe é que Namoa morreu em alto mar, vitimado pelo escorbuto. Nesta ocasião, o jovem Içá-mirim foi batizado em alto mar, com o nome de Comandante Binot, pois o Capitão temia que ele morresse pagão, como acontecera com Namoa.
O trato com o cacique era de que Iça-Mirim (mais tarde, Essomeric), seria ensinado nas artes da guerra (artilharia) e que seria trazido de volta dentro de 20 luas.
O indiozinho nunca mais retornou.
Em 1521, com 31 anos de idade, casou-se com Susane, uma das filhas de Jean Binot, com quem teve 14 filhos, muitos netos e bisnetos, formando a primeira família franco-carijó que se tem notícia.
Faleceu em 1583, com 95 ou 93 anos de idade.