sexta-feira, 25 de março de 2011

Meus Guarda-Chuvas


Falando de Guarda-Chuvas.

Desde criança, os Guarda-Chuvas sempre estiveram presentes na minha vida, mesmo porque vivi na cidade de Joinville, onde chove mais que em outras cidades. Na minha infância, que foi até o final dos anos 60, eles eram tão valiosos e caros, que havia várias lojas e profissionais que os consertavam. Hoje em dia, ficaram tão baratos, que esses profissionais nem existem mais.
Uma lenda que existe sobre os Guarda-Chuvas é que todo mundo perde Guarda-Chuvas, mas ninguém os acha. Como se existisse uma espécie de “Paraíso dos Guarda-Chuvas”. Mas, não é verdade. O que existe de real, é que as pessoas que encontram, eventualmente, algum Guarda-Chuva não o admitem. No meu caso em particular, a verdade é que já perdi nove Guarda-Chuvas, mas já “encontrei” dois. Um foi sem querer, o outro foi proposital... Aqui vai a explicação: Certa vez usei um velho Guarda-Chuva, todo estropiado, para ir do carro até meu local de Trabalho. Meio envergonhado dele, o deixei aberto no banheiro masculino, para secar. No final do expediente, saí alguns minutos depois dos outros, e como a chuva persistia, fui buscá-lo. Ele não estava mais lá; em seu lugar estava outro igual, mas novinho em folha. Peguei-o assim mesmo, mas, no outro dia, para alívio de minha consciência, anunciei para todos os colegas o que acontecera, e, para minha surpresa, ninguém se apresentou. Fui obrigado a ficar com o novo; mas algum tempo depois o perdi. O outro Guarda-Chuva que “achei” foi proposital. Estava num laboratório clínico para realizar um exame, quando começou a chover, e eu estava sem Guarda-Chuva, mas havia um lá, aparentemente sem dono, pois só estava eu lá dentro.. Sem peso na consciência, peguei-o para sair na chuva, e o tenho até hoje, cerca de dois anos depois... Se analisar bem, ainda estou no déficit...

terça-feira, 22 de março de 2011

O Carro da Meia-Noite


O Carro da Meia-Noite foi o primeiro serviço sanitário que a Cidade de Joinville teve. Começou nos primórdios da Colonização (mais ou menos em 1860-70, e durou até as primeiras décadas do século XX. Por ocasião do Centenário (1951) o Serviço não mais existia. Era constituído por uma carroça puxada por dois cavalos, e pilotada por dois "cubeiros", que eram pessoas simples, que lidavam com as "cubas". Cubas nada mais eram que tambores de metal, com duas alças para transportar o volume. As cubas eram colocadas em buracos sob as famosas "Casinhas", que depois foram substituídas pelas "Privadas Patente", que decretaram o fim dos serviços do "Carro da Meia-Noite". Este serviço era prestado pelos primeiros representantes da família pioneira "Plothow", que ainda hoje possui descendentes na região de Joinville. A carroça era muito fedorenta, por isso era temida pelas crianças e notívagos daquela Época, que evitavam encontrá-la. A carroça possuía pendurada ao lado, uma lanterna à querosene, porque naqueles tempos idos, a iluminação pública era deficiente. como era de se esperar. Apesar de já haver iluminação pública, só existiam as primitivas lâmpadas incandescentes, cuja iluminação era fraca. Quando o Carro da Meia-Noite chegava nas casas dos associados, cerravam-se portas e janelas para evitar o fedor, e isso assustava as crianças da Época. Muitos Mitos e Lendas se formaram ao redor dessa História... Volto aqui para complementar mais algumas informações sobre o Lendário "Carro da Meia Noite". A carroça era pintada de preto, e seus dois ocupantes, os chamados "Cubeiros); vestiam-se com ternos pretos, e pretos também eram seus chapéus. Os resíduos eram despejados na região do atual 62º Batalhão de Infantaria, e todo aquele conteúdo, fosse drenado pelo ribeirão Mathias, ou pelo Rio Jaguarão, invariavelmente, desaguava no Cachoeira, sem nenhum tipo de tratamento. A Poluição já começara, então.Naquela época, existiam na cidade diversos Salões, onde os jovens iam dançar e se divertir. Os bailes começavam cedo, por volta de 20 horas, e lá pela uma hora da manhã, já haviam terminado, e os jovens se dirigiam de volta para suas casas; e quando cruzavam com o carroção sinistro, na madrugada, saudavam-no com xingamentos, e um dos mais leves era "Fedorento", porque a carroça vazava... Seus ocupantes permaneciam impassíveis, e seguiam a cumprir a malcheirosa função... Sobre os dois "cubeiros", descobri que um deles era o fortão, que carregava o Tambor sozinho, suspenso sobre a cabeça, enquanto o outro apenas segurava a lanterna. Inclusive, o "Fortão", certa vez foi desafiado para lutar com um Lutador Profissional, que chegara à cidadezinha de então. Ocorreu um grande burburinho na cidade, porque se tratava do desafio de um Brasileiro contra um Alemão. Isto gerou grande expectativa entre a população, que acorreu em massa ao acontecimento, que ocorreu em um dos salões da cidade. A luta terminou logo nos primeiros movimentos, porque o nosso "Fortão" não era um lutador profissional, e logo foi ao chão. O Público se revoltou, e passaram a exigir o dinheiro do ingresso de volta, porque julgaram aquilo uma fraude. Tudo isso não foi documentado, o que restaram foram apenas fragmentos da História, que tenho procurado resgatar através de entrevistas com nossos idosos.