sábado, 25 de dezembro de 2010

A Verdadeira História de Joinville - Início da aviação


O início da Aviação

Em 1935 (ou 1936) a pequena Joinville de 26 mil habitantes foi surpreendida pelo ronco do primeiro avião. A cidadezinha já havia sido sobrevoada pelo dirigível Zeppelin, alguns anos antes, mas a comoção causada pelo vôo do pequeno monoplano marca Ford, com seus dois tripulantes, foi incomparável. A população de olhos no céu seguiu o trajeto da pequena aeronave, que se aproximou pelo Sul e pousou na rua do Norte, atual João Colin, no terreno onde hoje se localiza a empresa Delta Veículos.
Para olhar o aviãozinho no chão, foi cobrada ao povo a importância de Cr$ 1,00 (Um cruzeiro) Foi o primeiro vôo da Companhia Loyd Iguaçu, que mais tarde se estabeleceu com um campo de aviação, na Estrada da Ilha, primeira entrada à esquerda, mais ou menos onde hoje se localiza a Univille.
A companhia passou a operar com dois aviões, um biplano italiano e um monoplano alemão, da marca Klem, ambos com capacidade para 4 passageiros. Fazia a ligação semanal com Curitiba, e funcionou por um período de cerca de três anos.
Mais tarde, os Srs. Zattar e Barnack fundaram a primeira escola de aviação, o nosso Aero Clube, já no Cubatão.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

A Verdadeira História de Joinville - Estrada de Ferro



A estrada de Ferro.


A Companhia Estrada de Ferro São Paulo – Rio Grande do Sul foi fundada em 1889, e em 1901 conseguiu a concessão do ramal Iguaçu – São Francisco do Sul. Pelo projeto inicial, o traçado da linha passaria a cerca de 25 km ao sul, sem atingir Joinville.
Em setembro de 1902, a Câmara Municipal dirigiu veemente apelo ao Ministro da Viação, Dr. Lauro Muller, solicitando a modificação do traçado da linha férrea, incluindo Joinville. Em abril de 1903, uma comissão de engenheiros liderada pelo Dr. Leite Ribeiro iniciou o levantamento topográfico, com a inclusão de Joinville no trajeto. Os trabalhos de terraplenagem iniciaram-se em janeiro de 1905, no rumo São Francisco do Sul – Joinville – Itapocú. O primeiro comboio entrou na estação de Joinville em 29 de julho de 1906, às cinco e vinte da tarde.
A construção deste trecho enfrentou grandes dificuldades técnicas: a transposição do banhado do Piraí-Piranga, e o canal do Linguado. Para o banhado do Piraí-Piranga, a solução foi levantar o leito da estrada de ferro em até um metro de altura, com o uso de pedras, como pode ser visto hoje na região do Jativoca. Já a transposição do canal do Linguado foi mais difícil; construiu-se um aterro de pedras entre São Francisco e a ilha do Linguado, e da ilha para o continente, um aterro parcial com uma ponte provisória de 400 metros sobre o canal, que naquele local apresentava a profundidade de até 25 metros. Esta ponte provisória era móvel, deslocando-se lateralmente para permitir a passagem das embarcações que por ali transitavam.
Na época, a boca da Barra do sul apresentava 800 metros de largura. Nos anos 40, a ponte foi substituída por um aterro, que bloqueou a passagem da água do mar naquele canal, o que veio a causar, mais tarde, o assoreamento da Barra do Sul, e do próprio canal, que hoje em dia dificilmente apresenta profundidades maiores que 6 metros. O próprio balneário de Barra do Sul possui hoje extensa área urbana construída sobre a areia depositada pelo mar, devido ao fechamento do canal, e essa areia tende a desaparecer, se o canal for reaberto, causando a destruição da área mais povoada do hoje município de Barra do Sul.
Quando foi inaugurada a estação ferroviária, a cidade se estendia mais ou menos até onde hoje é a esquina da avenida Getúlio Vargas com a rua Anita Garibaldi, e a então rua Santa Catarina não passava de um caminho macadamizado, ladeado por valetas. Com o movimento dos passageiros e das cargas, o caminho foi alargado, estabeleceram-se comércios variados, pensões, bares, etc.
Algum tempo depois, foram criados estabelecimentos industriais, como a Máquinas Raimann e a Fundição Douat, logo depois dos trilhos. Os operários e comerciantes foram ocupando aqueles locais, próximo a seus locais de trabalho, e a cidade foi se desenvolvendo ao longo e ao redor dos trilhos.
Surgiu até um serviço de bondinhos puxados a burro, que faziam o trajeto da Estação Ferroviária até a rua do Norte, hoje João Colin, até a altura onde hoje é o início da rua Max Colin.
A continuação da rua Santa Catarina era o caminho para se atingir Araquari (antiga Paraty) e São Francisco do Sul, bem como outras localidades no vale do rio Itapocú, como Guamiranga, Itapocú, Guaramirim e Jaraguá do Sul, bem como as localidades do litoral norte do estado.
A movimentação através da ferrovia era bastante intensa, com transporte de passageiros e mercadorias entre são Francisco do Sul e o planalto norte, de Rio Negro através de Rio Negrinho, São Bento do Sul, Corupá (Hansa), Jaraguá, Guaramirim, Guamiranga, João Pessoa, Dedo Grosso, Araquari e Linguado.
Houve um período de grande movimentação de madeira serrada, que vinha do Planalto para o porto, não só o de São Francisco, como também o Bucarein, que se localizava no final da rua Inácio Bastos, onde hoje está a ponte Mauro Moura. Era grande a movimentação de mercadorias no porto do Bucarein, onde grandes empresas madeireiras mantinham seus estoques, o que motivou a criação de um sub-ramal, que saia da estação ferroviária, cruzava os depósitos de madeira na área do Bucarein, e se estendia até o cais do Moinho (Cais Conde D’Eu). As cargas de madeiras eram transportadas por batelões puxados por rebocadores, que, por meio do Rio Cachoeira, atingiam o porto de são Francisco.
Havia até mesmo pequenos navios de ferro, que faziam as linhas costeiras de navegação, do Nordeste do país até Joinville.

A Verdadeira História de Joinville - Migrantes


O problema dos migrantes

Grande parte dos problemas sociais, senão mesmo a maioria, são motivados pela expressiva quantidade de migrantes que aqui se estabeleceram a partir de 1970, em sua maioria oriundos do sudoeste do Paraná. Eles e seus descendentes constituem uma expressiva parcela da população de Joinville, sendo seu número estimado hoje em cerca de 515.000 pessoas.
Foram atraídas para cá, originalmente, pela grande expansão da indústria, principalmente as metalúrgicas, que naquela época utilizava abundantemente a mão de obra pouco qualificada dos trabalhadores braçais. Não havia gente suficiente na cidade, e a solução foi importar trabalhadores. Naquela época, os ônibus das empresas buscavam seus operários até mesmo nas regiões agrícolas nas proximidades da cidade. Vinha gente de Garuva, Barra Velha, Massaranduba, enfim, de tudo que era lugar das proximidades. A maioria era semi-alfabetizada, e trabalhadores rurais.
Trabalhavam nas fundições, transportando carvão, enchendo moldes de areia, alimentado as fornalhas; faziam mesmo o trabalho braçal. A população regional não era suficiente, e a solução foi buscar trabalhadores no Paraná.
As grandes indústrias facilitavam a vida dos operários recém-chegados. Forneciam transporte, alimentação, até mesmo habitação, favorecendo a ocupação irregular de áreas de mangue, sobre o que falaremos em outro capítulo.
Mas, a necessidade de mais mão de obra aumentou, e os trabalhadores migrantes eram incentivados a convidar os parentes de sua região de origem, para virem também para cá.
Estabeleceu-se um grande fluxo migratório, até que o mercado de trabalho saturou. Mas, a fama de Joinville ser uma cidade que oferecia emprego para todos se espalhou, ao mesmo tempo em que ocorria um movimento de aperfeiçoamento da produção industrial, com a automação e racionalização da produção industrial, gerando um excesso de oferta de mão de obra, com a redução dos salários e dos postos de trabalho,
O resultado disso foi que, não parava mais de chegar trabalhadores sem qualificação profissional, inchando as periferias da cidade, e aumentando a miséria e o número de ocorrências policiais. O problema agravou-se de tal forma, que a Prefeitura estabeleceu um serviço de controle de migrantes na estação rodoviária, que triava os recém-chegados, e em muitos casos, oferecia a passagem de volta para seus lugares de origem. A média chegou a 51 pessoas por dia, sem moradia, emprego, qualificação profissional, instrução e saúde, todos atraídos pela idéia fantástica da Terra Prometida, onde tudo era bom. Mas a realidade era bem outra. Os migrantes sabiam carpir, mas aqui não havia produção agrícola. Não sabiam operar um torno, uma furadeira, fazer uma solda, nada que pudesse ser aproveitado na indústria.
Esses migrantes acabaram ficando por aqui, criando então uma massa de habitantes com baixa escolaridade, pouca educação social, muitas carências e sempre dispostos a reivindicar, mesmo aquilo que nunca tinham tido em suas regiões de origem. Queriam moradia, transporte, educação, saúde, segurança, mas não tinham condições de pagar por estes serviços.
Apoiados por alguns membros da Igreja invadiram os manguezais em torno da cidade. Incentivados por políticos aproveitadores, conseguiram saibro para aterrar o solo, abertura de ruas, calçamento, iluminação pública, abastecimento de água, linhas de ônibus, postos de saúde, escolas, enfim, a sonhada urbanização do mangue. Grandes bairros se formaram assim, na região do Boa Vista, Espinheiros, Aventureiro, Iririú.
Mais recente foi o bairro Jardim Paraíso, que nos foi “presenteado” por São Francisco do Sul, e hoje lidera nossas estatísticas de ocorrências policiais.
Cabe registrar também o grande movimento migratório provocado pela enchente no vale do rio Tubarão, no sul do estado, no início da década de 70. Aqueles migrantes não trouxeram tantos custos sociais, porque eram, em sua maioria, pessoas mais cultas, com boa formação cultural, e mais bem educados para a vida social. Vieram pessoas já com formação profissional, comerciários, comerciantes, estudantes, professores e profissionais como pedreiros, carpinteiros, marceneiros etc..., Sendo grande parte deles descendentes de italianos.
Afora isso, Joinville sempre atraiu habitantes de outros estados, atraídos pelo mercado de trabalho, a tranqüilidade e a boa índole da população.
Em resumo, com a migração, Joinville cresceu muito, e rápido. O custo social foi assumido pelo município, e o lucro da expansão industrial ficou quase todo para os empresários. Tal e qual aquele velho filme da socialização do prejuízo e a privatização do lucro...
Em decorrência do grande afluxo de migrantes, ocorreu também a ação criminosa dos especuladores imobiliários, que, por meio escusos, conseguiram licença para lotear brejos, mangues e arrozeiras, vendendo à prestação para os desavisados migrantes, lotes em regiões impróprias para a habitação humana. E o poder público teve que arcar com mais obras de infra-estrutura, enquanto uns poucos espertalhões enriqueceram. Os exemplos podem ser vistos ainda hoje em certos bairros, como o Fátima, Jativoca, Vila Nova, Lagoinha e o antigo lugarejo chamado de Lagoa Bonita, hoje Morro do Meio.