sábado, 22 de setembro de 2007

Comportamento Animal - Pardal


PARDAL — Apesar de sermos inimigos declarados dessa ave estrangeira (Passer domesticus, da família Fringillidae e originária da Europa), devemos agora incluí-la no rol de nossa fauna, pois em vários pontos do país já se acha o pardal aclimado, de forma a não mais podermos nutrir a esperança de um dia vê-lo desaparecer. No Rio de Janeiro, ultimamente -também em São Paulo, Santos e em várias localidades mineiras e riograndenses, o "indesejável" pássaro adquiriu cidadania, como, aliás, já anteriormente o fizera na Argentina; há muito mais tempo nos Estados Unidos e na Austrália. Quando tivemos notícia de terem sido importados e soltos, intencionalmente, alguns casais de pardais no Rio de Janeiro, clamamos contra tal erro do Prefeito Passos (veja nosso livro Contos... de um Naturalista), porém o mal estava feito e, por termos dito a verdade, só lucramos o que em lucra quem desagrada a outros, dizendo-lhes a verdade. Agora só nos resta aceitar, conformados, o que é irremediável e mais tarde, quando o pardal “puser as manguinhas de fora”, terá de recorrer aos mesmos processos de que hoje lançam mão os países nos quais o atrevido passarinho já assumiu as proporções de verdadeiro flagelo[1].
Em resumo, suas credenciais, todas negativas, são as seguintes: não é pássaro insetívoro, que possa prestar serviços na horta ou no pomar, catando pragas; nem por desfastio procura, de vez em quando, saborear um inseto[2], de modo que é um insulto, também sob esse ponto de vista, comparar o pardal com o nosso bom "tico-tico". Só lhe sabem os cereais cultivados, catando-os de preferência na cidade, na rua ou nos celeiros e depósitos. Mas não é esse seu pior feitio, pois não serão essas migalhas que farão maior falta à Nação. Há uma razão mais séria que justifica a geral antipatia, que em toda parte os verdadeiros amigos aves nutrem contra o pardal, antipatia que chega a ser rancor, como o que ditou a Hornaday; as seguintes palavras, ao ter o provecto naturalista de tratar dessa ave, em sua bela História Natural: "Deixai-me molhar a pena em ácido corrosivo; ferve-me o sangue ao pensar que devo escrever seu nome!" É que o pardal, além de tantos outros defeitos, tem o de ser excessivamente briguento e egoísta. Onde ele domina, não admite que outros pássaros do seu tamanho vivam sua vidinha pacata e principalmente útil. Sem cessar, ele atormenta seus pretensos rivais e, para eliminá-los de vez, lança mão de recursos baixos, próprios um pássaro desalmado. Indo aos ninhos dos outros pássaros, joga ao chão os ovos ou os pintainhos e toma posse da casa alheia. Por essa forma em breve elimina da região o passaredo alegre, bem-agradecido, que até então nos pagava com ótimos serviços a simples tolerância com que em geral costumamos manifestar-lhes nossa simpatia [3].
Ao menos, sirva-nos agora de lição essa infeliz importação do pardal: não é assim, sem mais nem menos, que se deve intervir no que está estabelecido pela Natureza - Defendamo-nos contra as pragas existentes, mas não queiramos corrigir atabalhoadamente o que vai indo bem seu bom caminho natural.
Enfim, como nosso papel aqui é registrar e descrever as espécies da fauna e no Brasil e da mesma forma como já demos o perfil das pulgas, da mosca doméstica, ratos caseiros e de outras sevandijas (ou “imundície”, como mais brasileiramente se daremos a seguir os traços característicos do Passer domesticus: é do feitio e do tamanho do nosso tico-tico, porém o corpo é mais esguio, a cauda é um pouco mais curta, e o também menor, é mais grosso e mais bruscamente aguçado. A cor geral é bruno parda com tons ferrugíneos; no macho uma grande mancha preta, em forma de guardanapo, arredondado, estende-se da garganta ao peito; as asas são malhadas de preto, e duas listras brancas atravessam as coberteiras das asas. A fêmea é um tanto mais castanho-ferrugínea).
[1] Nos aviários, é preciso colocar uma tela à prova de pardais, pois eles comem a ração das aves criadas ali, como também são capazes de transmitir doenças de um aviário para outro. O custo dessa tela está incluído no preço das aves que compramos no supermercado. (N. R)
[2] O pardal come insetos sim, principalmente as formas aladas das formigas (içá) e dos cupins (aleluia) (N. R.)
[3] O pardal precisa do homem para nidificar em suas casas. Vedando a entrada do pardal nas frestas dos telhados, rapidamente podemos diminuir o número de indivíduos dessa espécie, porque o pardal não nidifica em árvores. (N.R)
Adendo - Francisco Pereira Passos, foi prefeito do Rio de Janeiro de 1902 a 1906, quando comandou a reforma urbana da então Cidade da Morte(ver A Revolta da Vacina) para se tornar a Cidade Maravilhosa dos dias atuais. Estudou em Paris, onde presenciou a reforma urbana daquela capital, e de onde tirou as idéias e a inspiração de introduzir o Pardal no Brasil, talvez com saudades do pipilar tristonho da ave nas tardes chuvosas do inverno francês...

Comportamento Animal - Ouriço do Mar


Ouriço do Mar

Também é conhecido como Pindá. São animais equinodermos, que geralmente têm o corpo revestido por espinhos longos e duros, e vivem nas pedras submersas do mar, onde se alimentam geralmente de crustáceos que encontram por ali.
Quando fiz o curso de mergulho livre, o instrutor nos chamou bastante a atenção sobre o perigo que representa um ouriço quando se pisa nele. Pode até mesmo perfurar uma nadadeira, cravando os espinhos no pé do mergulhador, o que sempre pode ser um acidente sério. Afora isso, eu já tinha ouvido falar que os japoneses costumam comer estes animais.
Chegou o dia da aula prática, e fomos mergulhar no arquipélago das Graças, em frente à ilha de São Francisco do Sul (SC).
No local, fui o primeiro a pular do barco, fazendo o passo do gigante. Equipado com nadadeiras, máscara, snorkel, luvas, cinturão com 1 kg de chumbo e uma faca de mergulho afivelada na perna esquerda, encarei o desafio. A água estava clara, e o que primeiro me chamou a atenção foi a grande quantidade de ouriços que cobriam as pedras
Cautelosamente me aproximei, saquei a faca, e cortei um pelo meio. Revelou-se uma carne amarelada, semelhante a um pó ou ova de peixe. Cortei, observei, e depois me afastei para explorar outros lugares. Encontrei vários peixes, e como curiosidade, posso relatar que ali, entre a Ilha da Paz e a Ilha do Prático, o chão é preto de pequenos badejos, que nadam incessantemente de um lado para outro.
Uma hora depois, voltei ao local onde tinha cortado o ouriço, e pude observar dezenas de peixes sargento gulosamente a devorar aquela carne desprotegida dos espinhos. Então compreendi porque a Natureza dotou esses animais com a proteção de espinhos. A carne deve ser muito gostosa.

Comportamento Animal - Morcegos


MORCEGO, “guandira” ou “andirá” (em tupi, “guandiruçus” são as espécies maiores - Denominação genérica que abrange todos os mamíferos da ordem Quirópteros, providos de uma membrana (patágio) que se estende, de cada lado, da extremidade anterior à posterior e com auxílio da qual voam. As espécies da nossa fauna dos Microquirópteros (Megaquirópteros, com exemplares de 1,5m de envergadura só ocorrem na região tropical do velho continente), subdividido em quatro famílias, duas das quais têm apêndice e pregas da pele no nariz: Rinolofidae (cujos dedos médios tem duas falanges) e Filostomatidae (dedo médio com três falanges); as duas outras famílias não têm aqueles apêndices nasais: Embalonuridae (de cauda livre) e Vespertilionidae, de cauda longa). Há no Brasil cerca de 100 espécies, as maiores das quais medem 70cm de envergadura. Vampyrum spectrum é o nome desse “andirá-guaçu” predominam , porém, os morcegos de tamanho médio, havendo, além disso, anões, cujo corpo é como o. dos minúsculos ratinhos, mas ainda assim as asas, de ponta a ponta, medem 15 cm.
A cor geral não varia senão do preto ao pardo e, quando muito, ao ruivo ou amarelado. E para que teriam eles ornatos de cores vivas, se de dia sua preocupação única é fugir da luz? Escondidos nas lapas e fendas das rochas, em árvores ocas ou então sob os telhados das casas abandonadas, dormem “pendurados”, isto é, com as unhas dos pés encravadas nas saliências da parede e, portanto, com a cabeça virada para baixo e contra a parede.Só depois da noite fechada começam eles a agitar-se. São animais noturnos; no entanto, ao contrário da regra geral nesse caso, seus olhos são pequenos.
Por ser verdadeiramente notável a destreza com que os morcegos, voando rapidamente no escuro, evitam todos os obstáculos, foram feitas experiências, a fim de verificar qual o sentido mais aguçado desses animais. Com os olhos vendados por esparadrapo ainda assim os morcegos, soltos num quarto cheio de obstáculos pendurados, esvoaçavam rapidamente, sem tocar nos fios distendidos e nas ramagens. É graças a numerosos pêlos implantados sobre terminações nervosas que os morcegos percebem a sua aproximação dos obstáculos e, voltejando com extrema destreza, evitam o embate[1].
Certas espécies são insetívoras e, por isso, em seu vôo azafamado, andam a procura de insetos, que devoram aos milhares, razão pela qual devem ser arroladas entre os animais úteis; outras espécies são frutívoras, e sua predileção pelas boas frutas dos pomares acarreta certo prejuízo. Só as espécies de um gênero, Desmodus. são hematófagas, principalmente Desmodus rotundus; alimentam-se do sangue não só dos,cavalos muares e porcos, como também das galinhas; ao próprio homem, quando podem, aplicam tais sangrias. e a vítima, adormecida, não percebe o ataque, porque, segundo o povo, “o morcego abana a ferida com as asas enquanto suga”.[2] Mas nem assim se justifica o medo que se apodera das pessoas menos calmas, quando à noite um morcego penetra uma sala; atraído simplesmente pela luz, ele não veio fazer mal algum, e sua única preocupação são, desde logo, fugir”.
Do ponto de vista utilitário é difícil afirmar, como conclusão final, se os morcegos nos são úteis ou nocivos, pois que se trata de um conjunto muito heterogêneo e-. muitas espécies são úteis, porque dão caça a inúmeros insetos; mas outras danificam as frutas do pomar, e a espécie hematófaga (Desmodus rotundus) causa sérios prejuízos à criação. É bem recente a verificação feita de que esses morcegos são responsáveis pela disseminação da raiva bovina, inoculada por ocasião da sucção de sangue.




Como proceder para proteger umas e exterminar as outras espécies? Sem dúvida os lavradores prejudicados devem defender-se, e, afinal, o pequeno proveito esperado dos morcegos insetívoros não é de tanta importância, como às vezes tem sido apregoado. Havendo muitos morcegos daninhos, é preciso revistar as locas, taperas e outros esconderijos das redondezas e dizimar ou afugentar os bandos[3].
[1] O sentido de orientação dos morcegos é possível porque, ao voar, eles emitem ultra-sons, cujos ecos são recebidos pelos ouvidos, e assim permitem definir com precisão a localização dos obstáculos.(N. R.)

[2] A vítima nada sente porque a saliva do morcego libera um anestésico e um anticoagulante. (N.R.)

[3] Para exterminar os morcegos hematófagos que vivem em conjunto com outras espécies, o agente sanitário captura um morcego qualquer, faz-lhe uma raspagem no peito e aplica um anticoagulante (heparina) e solta-o em meio aos outros. O local raspado rapidamente atrai os hematófagos que vêm lamber o sangue que brota do morcego isca, formando um cacho de morcegos hematófagos, que são capturados com uma rede tipo covo e a seguir destruídos, preservando assim os demais. (N. R).

Comportamento Animal - Caçada de Onça


ONÇA, "onça-pintada" ou "jaguaretê" (impropriamente o povo da cidade lhe dá o nome de "tigre") Carnívoro da família Felidae, Panthera onsa. É pouco menor do que seu parente asiático, o tigre, pois atinge 1,2m de comprimento, sem a cauda, que mede 60cm; a altura é de 85cm. A cor é amarelo-ruiva, com cinco séries de rosetas pretas parte dessas rosetas têm no centro uma pequena mancha preta; outras são irregulares;nas extremidades e principalmente na cara são substituídas por manchas de vários tamanhos, a cauda tem anéis pretos, e a ponta também é preta. Os caçadores distinguem variantes: "canguçu", que é um pouco menor, de cabeça mais grossa e com manchas no corpo menores e mais numerosas, e a "onça-preta", que é de colorido escuro, onde dificilmente se destacam os contornos das rosetas. Estas variantes, contudo, o zoólogo não consegue fixar nem como subespécies.
Onça

A onça tem todos os predicados para dominar e, de fato, impera no sertão. Trepa em árvores com a mesma facilidade com que atravessa os maiores rios; não há quem a iguale nos saltos em altura e em distância, e a tudo isso alia uma sagacidade e habilidade de uma emérita caçadora. Em geral contenta-se com porcos-do-mato, capivaras ou veados: se a caça é pouca e houver gado na região, os criadores pagam largo tributo. É ao crepúsculo que a onça prefere sair à caça; depois de subjugada a vítima, ela carrega para um esconderijo, suga-lhe o sangue e, sobrando alguma carne, guarda a carcaça para o dia seguinte.Empanturrada, vai dormir em lugar seguro, entre caraguatás ou no espesso da capoeira. O touro é o único animal que ela respeita, mas, forçada à luta, ainda assim às vezes o vence. Também os porcos-do-mato, reunidos em vara, sabem resistir-lhe; por isso a onça espreita ocasiões oportunas em que possa surpreender os que estejam desgarrados. Quanto ao homem a onça sabe que é perigoso medir forças com ele, e por isso são relativamente raros os acidentes excetuando-se os de pura temeridade. Claro está que o caçador que tiver errado o tiro e for obrigado a esperar a fera a facão, na melhor das hipóteses, sai gravemente ferido da refrega. (No sertão dá-se o nome de "resto de onça" a essas vítimas). Contam-se casos de onças que perderam o medo do homem e que daí por diante se aproveitam de todas as ocasiões para saborear novamente tal carne e, de preferência, de gente de cor. Em compensação registraram-se casos autênticos de caçadores que, sem maiores acidentes, mataram elevado número de onças só a facão ou com lança. Diz Varnhagen a respeito dessas caçadas: "Se estais seguro de que o valor não vos há de faltar, posso-vos dar a segurança de que no combate a fera cairá a vossos pés, quer por meio de tiro bem à queima-roupa, quer pela arma branca, se fordes munidos com uma faca e uma forquilha; pois com a forquilha enchereis as goelas da fera quando vo-las abrir e depois de assim a terdes assegurada, lhe caireis com a faca entre as espáduas. Para melhor se defender, poderá o caçador de onça levar sempre consigo uma grande pele de carneiro, com lã crescida, a qual no momento do combate usará em forma de manto, com o que terá a segurança que a onça, saltando de improviso às costas ou aos braços, não os destroçará."

Damos a seguir a descrição de uma caçada à onça, narrada pelo Comandante Pereira da Cunha (Viagens e Caçadas, p. 142).
“Com a máxima cautela, os dois zagaieiros à frente, o Nelson entre eles, eu e o Gomes logo atrás, o camarada puxando a retaguarda, penetramos o acurizal. Um belo espetáculo oferecia-se aos olhos dos caçadores. A denodada cachorrada acuava um enorme macharrão, que, entre sentado e de pé, com as costas protegidas por um acuri, a boca escancarada, de onde partiam urros de guerra, as presas ameaçadoras a descoberto, os braços abertos e as fortes garras saltadas, fazia frente aos valentes cães.
O Nelson visou um pouco atrás do maxilar e um pouco acima, fazendo partir o tiro; o animal rolou por terra, e a cachorrada avançou. Rápido, porém, uma nuvem de poeira levanta-se, os cães afastam-se, e o macharrão, reerguendo-se, procura apanhar um deles. Mas nosso grupo também tinha avançado, e a onça, deparando com ele, salta sobre um dos zagaieiros. A enorme força e o grande peso do animal enfurecido deveriam dominar o valente Coriango; este homem já havia morto muitas onças como zagaieiro, e sua grande prática de muito lhe valeu nesse momento crítico; assim, com calma e perícia, recebeu o macharrão na ponta da zagaia e por tal forma, que o derrubou por terra. O outro zagaieiro cravou, por seu turno a zagaia no peito do animal. A cachorrada, assanhada, mordia raivosa o terrível inimigo que ainda assim, ferido e subjugado, apanhou um dos cães e quase o mata; para salvá-lo o Gomes atirou na cabeça do macharrão, acabando de matá-lo."
O Jardim Zoológico de Nova York comprou certa vez urna onça fêmea, a fim de que fizesse companhia a um belo espécime paraguaio; durante alguns dias juntaram-se as duas jaulas, para que assim os dois prisioneiros, ainda apartados, fizessem camaradagem. Mas bastou a nova companheira penetrar o compartimento do "Lopez", para que esse lhe saltar à nuca e com a primeira dentada lhe triturasse duas vértebras; a morte da pobre noiva foi instantânea, como se lhe talhassem o pescoço a machado.
Muitos caçadores afirmam que a onça imita o pio do macuco, e com tal perfeição, que, o caçador, enganado, se acerca da fera, atraído pelo pio com que essa lhe respondera.
Outros caçadores, porém, o negam, nunca lhes tendo constado casos semelhantes, bem documentados. Freqüentemente, dá-se, porém, o inverso, pois é certo e, aliás, muito natural entre os felinos, bem como muitos outros carnívoros, procurem o macuco que ouviram, assim, também acudam ao pio do caçador. Escondido no embaiá e piando o macuco não raro acontece ao caçador, quando embrenhado na mata em que haja onças, ser uma dessas que se lhe apresenta ao tiro de... chumbo fino! Característico é o estalido seco e repetido com que a onça se trai, ao mover nervosamente as orelhas, que, então, produzem como que o som abafado de castanholas.
A área de distribuição dessa espécie estende-se do Texas ao Norte da Patagônia. Depois de cento e poucos dias nascem os cachorros, nunca mais de três, e que alcançam o desenvolvimento completo no terceiro ano.

Comportamento Animal - O touro eletrônico

O touro eletrônico



Certa vez, a associação dos criadores de gado normando da região de Lages (SC), importou da França um magnífico touro normando, destinado a melhorar o padrão zootécnico do rebanho da região.
Como eram muitas as vacas a serem cobertas, era necessário coletar o sêmen para a inseminação artificial. Para isso era utilizado um manequim, uma estrutura simulando o traseiro de uma vaca, que era preenchido com água a 37 graus, para o touro se sentir mais à vontade.
Mas certo dia, o peão responsável pela coleta do sêmen colocou água quente demais, e o touro, literalmente, se queimou na parada.
Desse dia em diante, nem vaca nem manequim, o touro não queria saber mais daquilo.
Depois de muitas consultas, pesquisas e discussão, foram obrigados a importar um equipamento para provocar a eletro ejaculação, e assim continuar a melhorar a qualidade do plantel.

Comportamento Animal - Guaxinim


MÃO-PELADA, "guaxinim" ou "jaguacinim" carnívoro da família Procionídea, Procyon cancrivorus, plantígrado como os ursos e os quatis. O corpo mede até 65cm, e a cauda 40cm; o pêlo é curto e denso, arrepiado na nuca; a cor é cinzento-amarelada, salpicada de preto, por serem dessa cor as pontas dos pêlos maiores. As pernas, principalmente nas extremidades, são pretas, bem como a face e as órbitas; aí essa cor destaca-se bem, devido às faixas brancas, no supercílio e focinho. A cauda é anelada, alternando o preto com o amarelado.
Habita todo o Brasil, mas só junto aos brejos, incluindo as regiões de mangue; graças a seu modo de andar plantígrado, assentando toda a mão, consegue caminhar sobre os lodaçais, onde ninguém o pode perseguir. Sabe também trepar em árvores. Alimenta-se de pequena caça e vegetais, apreciando muito a cana-de-açúcar, e tem especial predileção pelos caranguejos. Sua carne, por ser fétida, como também o couro, ninguém aproveita É temível inimigo dos criadores de galinha ou, mais positivamente, apaixonado amigo das aves domésticas, causando assim sérios e contínuos estragos.

Mão-pelada
Relatou-nos o Senhor Aroaldo Azevedo que em Sergipe é conhecido o modo como esse curioso animal caça caranguejos no mangue. Fazendo penetrar a cauda no buraco em que mora o crustáceo, espera que esse morda com suas valentes tesouras, para então arrancar o caranguejo para fora, a fim de saboreá-lo. Mas, sabendo de antemão que o beliscão que levará na cauda será doído, o mão-pelada, que assim é caçador e vítima ao mesmo tempo espera ganindo e, agachado, se contorce como que pressentindo a dor. Belo tema para devaneios filosóficos!
Merece reparo a etimologia dos dois nomes indígenas: jaguacinim (ou guaxinim abreviadamente) e guaraxaim (ou graxaim); guará são os carnívoros em geral. Vários autores, não atendendo bem às sutilezas nos nomes, às vezes truncados, confundiram; "mão-pelada" com o "graxaim".

Comportamento Animal - trapaça



A Trapaça entre os animais.


A arte de trapacear não é exclusiva dos humanos. Alguns animais trapaceiam covardemente, apenas para proveito próprio.
Um exemplo são os vaga-lumes. Insetos da família Malacodermidae. Os machos piscam numa determinada freqüência, e as fêmeas em outra, para atrair os opostos. Alguns machos podem piscar na mesma freqüência de uma fêmea, atraindo assim outros machos, que ao se aproximar imaginando encontrar uma fêmea, são rapidamente assassinados pelo espertalhão, que assim consegue garantir a propagação dos seus genes.
Outro exemplo podemos encontrar entre os anús, ave da família Cuculidae, Crotophaga ani.

Eles vivem em bando, e quando estão se alimentando, um deles assume o papel de vigia do grupo, e fica empoleirado num lugar mais alto, onde pode visualizar toda a situação do local. Ao menor sinal de perigo, o vigia emite um pio de alarme, que faz com que o bando todo rapidamente escape.
Mas, às vezes, o vigia emite o aviso de perigo, mesmo sem ter perigo nenhum. O bando todo foge, e o vigia então desce para se alimentar tranqüilamente, sem a concorrência dos companheiros.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

A verdadeira História de Joinville - Os migrantes modernos

O problema dos migrantes

Grande parte dos problemas sociais, senão mesmo a maioria, são motivados pela expressiva quantidade de migrantes que aqui se estabeleceram a partir de 1970, em sua maioria oriundos do sudoeste do Paraná. Eles e seus descendentes constituem uma expressiva parcela da população de Joinville, sendo seu número estimado hoje em cerca de 56000 pessoas.
Foram atraídas para cá, originalmente, pela grande expansão da indústria, principalmente as metalúrgicas, que naquela época utilizava abundantemente a mão de obra pouco qualificada dos trabalhadores braçais. Não havia gente suficiente na cidade, e a solução foi importar trabalhadores. Naquela época, os ônibus das empresas buscavam seus operários até mesmo nas regiões agrícolas nas proximidades da cidade. Vinha gente de Garuva, Barra Velha, Massaranduba, enfim, de tudo que era lugar das proximidades. A maioria era semi-alfabetizada, e trabalhadores rurais.
Trabalhavam nas fundições, transportando carvão, enchendo moldes de areia, alimentado as fornalhas; faziam mesmo o trabalho braçal. A população regional não era suficiente, e a solução foi buscar trabalhadores no Paraná.
As grandes indústrias facilitavam a vida dos operários recém-chegados. Forneciam transporte, alimentação, até mesmo habitação, favorecendo a ocupação irregular de áreas de mangue, sobre o que falaremos em outro capítulo.
Mas, a necessidade de mais mão de obra aumentou, e os trabalhadores migrantes eram incentivados a convidar os parentes de sua região de origem, para virem também para cá.
Estabeleceu-se um grande fluxo migratório, até que o mercado de trabalho saturou. Mas, a fama de Joinville ser uma cidade que oferecia emprego para todos se espalhou, ao mesmo tempo em que ocorria um movimento de aperfeiçoamento da produção industrial, com a automação e racionalização da produção industrial, gerando um excesso de oferta de mão de obra, com a redução dos salários e dos postos de trabalho,
O resultado disso foi que, não parava mais de chegar trabalhadores sem qualificação profissional, inchando as periferias da cidade, e aumentando a miséria e o número de ocorrências policiais. O problema agravou-se de tal forma, que a Prefeitura estabeleceu um serviço de controle de migrantes na estação rodoviária, que triava os recém-chegados, e em muitos casos, oferecia a passagem de volta para seus lugares de origem. A média chegou a 51 pessoas por dia, sem moradia, emprego, qualificação profissional, instrução e saúde, todos atraídos pela idéia fantástica da Terra Prometida, onde tudo era bom. Mas a realidade era bem outra. Os migrantes sabiam carpir, mas aqui não havia produção agrícola. Não sabiam operar um torno, uma furadeira, fazer uma solda, nada que pudesse ser aproveitado na indústria.
Esses migrantes acabaram ficando por aqui, criando então uma massa de habitantes com baixa escolaridade, pouca educação social, muitas carências e sempre dispostos a reivindicar, mesmo aquilo que nunca tinham tido em suas regiões de origem. Queriam moradia, transporte, educação, saúde, segurança, mas não tinham condições de pagar por estes serviços.
Apoiados por alguns membros da Igreja invadiram os manguezais em torno da cidade. Incentivados por políticos aproveitadores, conseguiram saibro para aterrar o solo, abertura de ruas, calçamento, iluminação pública, abastecimento de água, linhas de ônibus, postos de saúde, escolas, enfim, a sonhada urbanização do mangue. Grandes bairros se formaram assim, na região do Boa Vista, Espinheiros, Aventureiro, Iririú.
Mais recente foi o bairro Jardim Paraíso, que nos foi “presenteado” por São Francisco do Sul, e hoje lidera nossas estatísticas de ocorrências policiais.
Cabe registrar também o grande movimento migratório provocado pela enchente no vale do rio Tubarão, no sul do estado, no início da década de 70. Aqueles migrantes não trouxeram tantos custos sociais, porque eram, em sua maioria, pessoas mais cultas, com boa formação cultural, e mais bem educados para a vida social. Vieram pessoas já com formação profissional, comerciários, comerciantes, estudantes, professores e profissionais como pedreiros, carpinteiros, marceneiros etc..., Sendo grande parte deles descendentes de italianos.
Afora isso, Joinville sempre atraiu habitantes de outros estados, atraídos pelo mercado de trabalho, a tranqüilidade e a boa índole da população.
Em resumo, com a migração, Joinville cresceu muito, e rápido. O custo social foi assumido pelo município, e o lucro da expansão industrial ficou quase todo para os empresários. Tal e qual aquele velho filme da socialização do prejuízo e a privatização do lucro...
Em decorrência do grande afluxo de migrantes, ocorreu também a ação criminosa dos especuladores imobiliários, que, por meio escusos, conseguiram licença para lotear brejos, mangues e arrozeiras, vendendo à prestação para os desavisados migrantes, lotes em regiões impróprias para a habitação humana. E o poder público teve que arcar com mais obras de infra-estrutura, enquanto uns poucos espertalhões enriqueceram. Os exemplos podem ser vistos ainda hoje em certos bairros, como o Fátima, Jativoca, Vila Nova, Lagoinha e o antigo lugarejo chamado de Lagoa Bonita, hoje Morro do Meio.

A verdadeira História de Joinville - Início da Aviação

O início da Aviação

Em 1931 (ou 1932) a pequena Joinville de 26 mil habitantes foi surpreendida pelo ronco do primeiro avião. A cidadezinha já havia sido sobrevoada pelo dirigível Zeppelin, alguns anos antes, mas a comoção causada pelo vôo do pequeno monoplano marca Ford, com seus dois tripulantes, foi incomparável. A população de olhos no céu seguiu o trajeto da pequena aeronave, que se aproximou pelo Sul e pousou na rua do Norte, atual João Colin, no terreno onde hoje se localiza a empresa Delta Veículos.
Para olhar o aviãozinho no chão, foi cobrada ao povo a importância de R$ 1,00 (Um cruzeiro) Foi o primeiro vôo da Companhia Loyd Iguaçu, que mais tarde se estabeleceu com um campo de aviação, na estrada da ilha, primeira entrada à esquerda, mais ou menos onde hoje se localiza a Univille.
A companhia passou a operar com dois aviões, um biplano italiano e um monoplano alemão, da marca Klem, ambos com capacidade para 4 passageiros. Fazia a ligação semanal com Curitiba, e funcionou por um período de cerca de três anos.
Mais tarde, os Srs. Zattar e Barnack fundaram a primeira escola de aviação, o nosso Aero Clube, já no Cubatão.

A verdadeira História de Joinville - A Estrada de Ferro


A estrada de Ferro.


A Companhia Estrada de Ferro São Paulo – Rio Grande do Sul foi fundada em 1889, e em 1901 conseguiu a concessão do ramal Iguaçu – São Francisco do Sul. Pelo projeto inicial, o traçado da linha passaria a cerca de 25 km ao sul, sem atingir Joinville.
Em setembro de 1902, a Câmara Municipal dirigiu veemente apelo ao Ministro da Viação, Dr. Lauro Muller, solicitando a modificação do traçado da linha férrea, incluindo Joinville. Em abril de 1903, uma comissão de engenheiros liderada pelo Dr. Leite Ribeiro iniciou o levantamento topográfico, com a inclusão de Joinville no trajeto. Os trabalhos de terraplenagem iniciaram-se em janeiro de 1905, no rumo São Francisco do Sul – JoinvilleItapocú. O primeiro comboio entrou na estação de Joinville em 29 de julho de 1906, às cinco e vinte da tarde.
A construção deste trecho enfrentou grandes dificuldades técnicas: a transposição do banhado do Piraí-Piranga, e o canal do Linguado. Para o banhado do Piraí-Piranga, a solução foi levantar o leito da estrada de ferro em até um metro de altura, com o uso de pedras, como pode ser visto hoje na região do Jativoca. Já a transposição do canal do Linguado foi mais difícil; construiu-se um aterro de pedras entre São Francisco e a ilha do Linguado, e da ilha para o continente, um aterro parcial com uma ponte provisória de 400 metros sobre o canal, que naquele local apresentava a profundidade de até 25 metros. Esta ponte provisória era móvel, deslocando-se lateralmente para permitir a passagem das embarcações que por ali transitavam.
Na época, a boca da Barra do sul apresentava 800 metros de largura. Nos anos 40, a ponte foi substituída por um aterro, que bloqueou a passagem da água do mar naquele canal, o que veio a causar, mais tarde, o assoreamento da Barra do Sul, e do próprio canal, que hoje em dia dificilmente apresenta profundidades maiores que 6 metros. O próprio balneário de Barra do Sul possui hoje extensa área urbana construída sobre a areia depositada pelo mar, devido ao fechamento do canal, e essa areia tende a desaparecer, se o canal for reaberto, causando a destruição da área mais povoada do hoje município de Barra do Sul.
Quando foi inaugurada a estação ferroviária, a cidade se estendia mais ou menos até onde hoje é a esquina da avenida Getúlio Vargas com a rua Anita Garibaldi, e a então rua Santa Catarina não passava de um caminho macadamizado, ladeado por valetas. Com o movimento dos passageiros e das cargas, o caminho foi alargado, estabeleceram-se comércios variados, pensões, bares, etc.
Algum tempo depois, foram criados estabelecimentos industriais, como a Máquinas Raimann e a Fundição Douat, logo depois dos trilhos. Os operários e comerciantes foram ocupando aqueles locais, próximo a seus locais de trabalho, e a cidade foi se desenvolvendo ao longo e ao redor dos trilhos.
Surgiu até um serviço de bondinhos puxados a burro, que faziam o trajeto da Estação Ferroviária até a rua do Norte, hoje João Colin, até a altura onde hoje é o início da rua Max Colin.
A continuação da rua Santa Catarina era o caminho para se atingir Araquari (antiga Paraty) e São Francisco do Sul, bem como outras localidades no vale do rio Itapocú, como Guamiranga, Itapocú, Guaramirim e Jaraguá do Sul, bem como as localidades do litoral norte do estado.
A movimentação através da ferrovia era bastante intensa, com transporte de passageiros e mercadorias entre são Francisco do Sul e o planalto norte, de Rio Negro através de Rio Negrinho, São Bento do Sul, Corupá (Hansa), Jaraguá, Guaramirim, Guamiranga, João Pessoa, Dedo Grosso, Araquari e Linguado.
Houve um período de grande movimentação de madeira serrada, que vinha do Planalto para o porto, não só o de São Francisco, como também o Bucarein, que se localizava no final da rua Inácio Bastos, onde hoje está a ponte Mauro Moura. Era grande a movimentação de mercadorias no porto do Bucarein, onde grandes empresas madeireiras mantinham seus estoques, o que motivou a criação de um sub-ramal, que saia da estação ferroviária, cruzava os depósitos de madeira na área do Bucarein, e se estendia até o cais do Moinho (Cais Conde D’Eu). As cargas de madeiras eram transportadas por batelões puxados por rebocadores, que, por meio do Rio Cachoeira, atingiam o porto de são Francisco.
Havia até mesmo pequenos navios de ferro, que faziam as linhas costeiras de navegação, do Nordeste do país até Joinville.

A verdadeira História de Joinville - Invasões urbanas


O fedor no Paranaguamirim.

Os moradores daquela região, principalmente das proximidades do Rio Velho, frequentemente se queixam do mau cheiro que empesta aqueles ares. Mas, os moradores que hoje reclamam, em grande parte, são os próprios culpados pela situação. Para saber a razão, é preciso lembrar a história da origem daquele bairro.
No início dos anos 70, a Casan iniciou seu projeto de construção do Sistema de Esgoto de Joinville. A primeira obra foi a construção das três lagoas de decantação, que são interligadas entre si, e a terceira deságua na baía da Babitonga. Para construir as lagoas, foi preciso abrir uma estrada de acesso, construída exatamente sobre o mangue que cobria aquela área.
As lagoas ficaram prontas, mas demorou alguns anos para que o sistema de esgoto fosse construído e ligado às lagoas.
No meio tempo, ocorreu uma grande invasão de moradores nos terrenos beneficiados pela existência da estrada, formando-se então, o bairro. Neste período, as lagoas estavam inativas, mas cheias de água, e até peixes se criavam ali, que era um ótimo lugar para os pescadores da região.
Com a ligação do sistema de esgoto às lagoas, é claro que veio a poluição malcheirosa, que está até hoje provocando as reclamações dos atuais moradores. Isto não ocorreria se não houvesse a invasão, que foi tolerada pelos poderes municipais, à época. Até mesmo alguns políticos favoreceram a invasão, ao distribuir aterro para ocupar melhor os manguezais que estavam sendo destruídos, bem como a colocação de serviços públicos como água e luz
Levando a história em consideração, podemos estabelecer que os responsáveis pela situação são exatamente os invasores, os moradores que compraram terrenos irregulares e mal localizados, e os políticos, que na ânsia de conseguir votos, fecharam os olhos para as conseqüências. E agora, querem transferir o problema para o município.
Isto é falta de memória, para não dizer coisa pior...

A verdadeira História de Joinville - Mangues destruidos



A destruição dos Mangues.


Joinville detém o título de cidade que mais destruiu manguezais em todo o planeta. Aqui vai a descrição de como isso aconteceu, conforme o que presenciei no período, que começou no início da década de 70, e se estendeu por cerca de vinte anos. Este período coincide com uma expansão do mercado de trabalho, que exigiu a contratação de grande número de operários não especializados para a indústria de fundição. Não havia disponibilidade de mão de obra no município, o que levou as fábricas a recrutarem trabalhadores em outras cidades. Era comum a presença de ônibus das fundições que buscavam os empregados em cidades próximas, como Barra Velha, Garuva, Araquari, São Francisco, e depois os levavam de volta para suas casas. A fama de cidade com muitos empregos se espalhou por toda a região sul do país, e mais migrantes eram incentivados a convidar seus parentes para virem trabalhar nas fábricas. Até que o mercado de trabalho saturou, mas os migrantes continuaram a chegar, e não tinham mais empregos em abundância, nem lugar para morar. Coincidindo com a crise do petróleo, houve redução na produção automobilística, que diminui a demanda por autopeças, e os postos de trabalho foram grandemente diminuídos. Mas a migração não cessava, e tornou-se um grave problema social. A Prefeitura mantinha equipes de assistentes sociais na rodoviária, que entrevistavam os recém-chegados, e aqueles que não tinham emprego nem moradia eram incentivados a voltar para seus lugares de origem, recebendo até mesmo as passagens de volta. Atingiu uma média de 53 pessoas por dia. Com esse acréscimo de população sem renda, sem habitação, sem educação e carente de serviços de saúde, caiu a renda per capita e a qualidade de vida.
Várias entidades se mobilizaram para, cada uma à sua maneira, amenizar os problemas. A Igreja Católica, notadamente em sua paróquia do Boa Vista, tentou amenizar o problema da habitação, estimulando a ocupação dos mangues através de palafitas. Não quero dizer que a Igreja construiu palafitas no mangue, mas fornecia até tábuas para forrar o caminho mangue adentro, mesmo sabendo que as pessoas iriam enfrentar condições de vida sub-humanas. Aconteceu também a ação de aproveitadores, como os políticos que providenciavam carradas de saibro para aterrar os mangues ocupados, em troca de votos, e um famoso advogado local, que requereu a posse dos manguezais do atual bairro do Fátima, e depois loteou e vendeu a prestação para os pobres, que ocuparam e aterraram o local, formando o bairro, que hoje se estende até o Ademar Garcia, tudo construído sobre o mangue.. Sempre com o apoio de pessoas inescrupulosas que incentivaram a ocupação, foram construídas ruas, colocados os postes da rede elétrica, os encanamentos da água, depois vieram as linhas de ônibus, os mercados, a rede de saúde pública, tudo sobre o mangue aterrado com saibro. Hoje, o trânsito de veículos pesados estremece as casas e racham as paredes, porque tudo não passa de construções sobre uma camada fina que encobre um grande pudim preto, que é o mangue.
A invasão só foi controlada depois que um secretário municipal, engenheiro sanitarista competente, que mandou escavar um grande canal de vinte metros de largura por oito de profundidade, que deteve a destruição
Sou testemunha de tudo isso, e conheço o nome das pessoas envolvida, que por ação ou omissão, contribuíram para essa destruição vergonhosa, e se um dia forem responsabilizadas, ajudarei a condenar.

A Teia dos Conhecimentos...

Algumas tribos indígenas acreditavam que a noite era um tecido escuro que o Criador colocava entre o Sol e a Terra, para que os homens descansassem. A lua e as estrelas não passavam de rasgões no tecido, por onde ainda penetrava a luz.

A ignorância é como o pano escuro da noite, e os astros são os furos que fazemos nele pelos conhecimentos que adquirimos durante a vida, por onde penetra a luz da sabedoria. Um homem sábio já fez tantos buracos no negrume da escuridão, que a Luz já o atinge totalmente. O que era Treva absoluta vai se transformando numa teia cada vez mais luminosa, que diferencia o Homem dos outros animais...