sexta-feira, 21 de setembro de 2007

A verdadeira História de Joinville - Mangues destruidos



A destruição dos Mangues.


Joinville detém o título de cidade que mais destruiu manguezais em todo o planeta. Aqui vai a descrição de como isso aconteceu, conforme o que presenciei no período, que começou no início da década de 70, e se estendeu por cerca de vinte anos. Este período coincide com uma expansão do mercado de trabalho, que exigiu a contratação de grande número de operários não especializados para a indústria de fundição. Não havia disponibilidade de mão de obra no município, o que levou as fábricas a recrutarem trabalhadores em outras cidades. Era comum a presença de ônibus das fundições que buscavam os empregados em cidades próximas, como Barra Velha, Garuva, Araquari, São Francisco, e depois os levavam de volta para suas casas. A fama de cidade com muitos empregos se espalhou por toda a região sul do país, e mais migrantes eram incentivados a convidar seus parentes para virem trabalhar nas fábricas. Até que o mercado de trabalho saturou, mas os migrantes continuaram a chegar, e não tinham mais empregos em abundância, nem lugar para morar. Coincidindo com a crise do petróleo, houve redução na produção automobilística, que diminui a demanda por autopeças, e os postos de trabalho foram grandemente diminuídos. Mas a migração não cessava, e tornou-se um grave problema social. A Prefeitura mantinha equipes de assistentes sociais na rodoviária, que entrevistavam os recém-chegados, e aqueles que não tinham emprego nem moradia eram incentivados a voltar para seus lugares de origem, recebendo até mesmo as passagens de volta. Atingiu uma média de 53 pessoas por dia. Com esse acréscimo de população sem renda, sem habitação, sem educação e carente de serviços de saúde, caiu a renda per capita e a qualidade de vida.
Várias entidades se mobilizaram para, cada uma à sua maneira, amenizar os problemas. A Igreja Católica, notadamente em sua paróquia do Boa Vista, tentou amenizar o problema da habitação, estimulando a ocupação dos mangues através de palafitas. Não quero dizer que a Igreja construiu palafitas no mangue, mas fornecia até tábuas para forrar o caminho mangue adentro, mesmo sabendo que as pessoas iriam enfrentar condições de vida sub-humanas. Aconteceu também a ação de aproveitadores, como os políticos que providenciavam carradas de saibro para aterrar os mangues ocupados, em troca de votos, e um famoso advogado local, que requereu a posse dos manguezais do atual bairro do Fátima, e depois loteou e vendeu a prestação para os pobres, que ocuparam e aterraram o local, formando o bairro, que hoje se estende até o Ademar Garcia, tudo construído sobre o mangue.. Sempre com o apoio de pessoas inescrupulosas que incentivaram a ocupação, foram construídas ruas, colocados os postes da rede elétrica, os encanamentos da água, depois vieram as linhas de ônibus, os mercados, a rede de saúde pública, tudo sobre o mangue aterrado com saibro. Hoje, o trânsito de veículos pesados estremece as casas e racham as paredes, porque tudo não passa de construções sobre uma camada fina que encobre um grande pudim preto, que é o mangue.
A invasão só foi controlada depois que um secretário municipal, engenheiro sanitarista competente, que mandou escavar um grande canal de vinte metros de largura por oito de profundidade, que deteve a destruição
Sou testemunha de tudo isso, e conheço o nome das pessoas envolvida, que por ação ou omissão, contribuíram para essa destruição vergonhosa, e se um dia forem responsabilizadas, ajudarei a condenar.

3 comentários:

Djanira disse...

É verdade, tudo que vc tá dizendo é a verdade.

Anônimo disse...

Sr. Francisco, são precisos muitos posts na comunidae Joinville para aprendermos a conhecer as pessoas com as quais convivemos no virtual de uma Comunidade do Ortuk.Não fosse o Topico dos Deuses Astronautas não teria entrado nesse seu mundo.Parabéns Sr. Francisco aos poucos com calam vou me aprofundar no seu blog, muito interessante, O Sr. prova que nem só de bobices e pessoas mediocres o mundo é feito!
Vera Lucia

Vera Lucia da Rosa Godinho disse...

Mais uam, vez Sr. Francisco, vem cooperar de maneira culta, trazendo a Comunidade esplicações de quem viveu a Historia de Joinville, não presenciaei aqui mas assiti muitas invasões em minha terra.Sei exatamente comoelas aconrecem...e só que pode parar isto são nossos Governantes.
O Povo precisa de Emprego e Moradia, pois precisa recuperar sua dignidade.